Fui tola. Demorei pra ver o que, de fato, aconteceria. A ingenuidade, ao menos, não antecipou o terror vivido nos últimos quatro anos. Autoestima diluída em cada tom de ameaça. Todo dia, uma violência contra tudo que foi inevitável me tornar: jornalista, de esquerda, feminista. Trabalhar em sindicatos. Testemunhar o que sobrou deles. Morar sozinha com uma menina numa região da cidade onde a polícia se excede. Suspeitar do vizinho, do colega, da pessoa na fila do terminal. Crise econômica, perda de direitos trabalhistas, emergência sanitária. Manter o emprego, mas ficar sem trabalho. Medo de não ter pra onde ir.
Acredito na chance de um horizonte possível depois de tudo isso. Mas, não sem desconfiar.
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