a palavra está desalinhada no caos do meu sossego
foge da assertividade de quem tem pouco a dizer
nunca imaginei a palavra muda enquanto a injustiça goteja
sobre a
escrevo por gosto e vício,
desejo rarefeito pelas
palavras dissuadidas
feito saliva na ponta da língua.
escorregadio, o texto
salga a
névoa e náusea esfumaçam o sótão
embriagam as virtudes
enquanto sufocam as palavras
dançam entre a boca e o umbigo
por onde trafegam soluços e
a cor da noite é invisível
quando cai sobre a retina
como pálpebra em pleno voo
rasgando céu sem horizonte
chuva silenciosa que cria leitos
a flor de hibisco
pétala morta
no abismo da louça
dissolve o veneno da manhã
as palavras, por si mesmas, se exaltam
como sopro quente nos
o vigor velado da palavra
não apaga a dor do tempo
nem névoa lavanda
ou mil campos imaginários
ladeados de verde - o
a delicada presença do agora
tateada pela aspereza das mãos
a pele fina percorrida
pela sutileza do lábio
a silhueta da fruta
hablo con tu silencio
conspiro un dolor sobre tu pelo en mi mano
el silencio tiene una sonrisa que cambia mis sueños
abre mis ventanas me hace un grano de
sou calango neo-pós-moderno
caminhante da desilusão
um cascalho solitário
transeunte na imensidão
componho minha renda
desejo minha própria
trança no rabo do cavalo
mandinga de senhoras invisíveis
lavadeiras de fonte
voadeiras de vassoura
fiandeiras de trama e de renda
dispensam
a rebeldia da insônia que ultrapassa o amanhecer
relatada na profundidade da olheira
o tédio da noite passada
gosto de ver o
te poemo no vento que sopra do leste
maral que varre a praia
emplastra pele, poros, corpos
areia e maresia
te poemo sob tempestade
suportando o
fica sempre uma palavra para trás
um gesto que não se explica
uma falta e depois outra
o tempo passa sem simetrias entre nós
calcificando os sentidos da palavra
um hit um baque um toque
ensurdecendo a dor que arde pulsa
como um tambor um atabaque
pulsa de dentro um tic e outro tac
uma nota que invade tudo
e nada se
escorre
pela copa das árvores
rasteja até as margens
inunda
transborda
rio caudaloso até a última gota.
secura e pó
a rebeldia tem cara de dor
chora nas margens
não se rende e tem um risco salgado
no inverso sou eudizendo que simapostando que não
soprando pelas calhascomo ventania de invernono meio do redemoinhocosturada ao avessoo dedo amargo na
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