os dias, todos, podiam ser uma manhã de sábado. sol esfumaçado, gosto de café. meia dúzia de tragadas esverdeadas soprando ideias que esfumaçam ainda mais o amarelo do sol. pelas ruas, canções de gás e detergente que saltam de caminhões solitários. os dias todos manhã de sábado, revelando meninas que empinam pipas e meninos que choram no colo das mães. manhã de calor suave, com a pressa de chegar e a tarde toda pra sair.

as noites, todas, podiam ser uma noite de outono. bruminha leve e fria pingando na têmpora e nos joelhos. gosto de chiclete de menta jogando conversa fora. pelos becos, gargalhadas altas e olhares atentos a procurar vestígios depois de mais uma rodada de desesperanças. as noites todas, noite de outono, apresentando meninas que não têm medo e meninos que voltam chorosos para o colo das mães. noite de frio ameno, sem pressa de acabar e sem inverno a perseguir.

 


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