a confusão é generalizada, não bastasse o descostume de viver junto, tudo é mediado; muito ruído interpretado no silêncio da solidão. ninguém sabe mais dizer quem fala ou pensa o quê. as ideias estão todas misturadas e o individualismo tornou as relações efêmeras. sentir então... quase todo mundo se perturbou, parece difícil encontrar quem não. exacerbação, conflito, apatia. um pouco de decadência e de pobreza de espírito. assim, todo mundo meio desanimado, contente com migalhas e sofrendo miseravelmente pela falta de conjunto. melhor deixar pra lá.
tudo é muito performático, as pessoas correm para lá e para cá, se manifestam brutalmente em 140 caracteres, mas estão angustiadas diante das plateias presenciais. ninguém é capaz de suportar qualquer coisa que surpreenda, ou aquilo que o destino reserva, sem recorrer a cautela de quem faz análises de conjuntura. viver dentro de si é mais que isso. essa parece ser a verdade de todo mundo no momento, desde que não seja preciso compartilhá-la. de fato, a verdade ninguém quer saber. mas, parece prescritivo - não fosse prescrever, de certo modo, um gesto autoritário - expressarmos algo que alguém chamou de dimensão da verdade: a manifestação daquilo que denota a realidade tal qual é lida por esse ou aquele sujeito. algo que nos aproxime um dos outros, que esgace as fronteiras do reconhecer-se entre si em vez de nos refutarmos o tempo todo. eu tenho até medo, mas eu gosto de gostar de gente.
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