Era dos poucos excelentes no jornalismo de esquerda e sindical. Do Brasil. Ativista. Sempre posicionado, sempre mantendo abertas as interlocuções. Muito menos esquerda liberal que muita gente "revolucionária". Aprendeu sobre racismo e machismo na carne. Soube bater, mas também soube apanhar. Radical sem ser ingênuo.
No jornalismo, nasceu também o amigo. Não tinha pressa nem preguiça de ensinar. Dava esporro suave. Já pra aceitar o argumento, precisava de uma boa sessão discursiva: "só pra gente se entender melhor!" No grupinho, sabia bem entender as divergências sem se exceder. "Deixa disso, vem pra cá, neném! Nhéééééé, manda trabalho, pufavô!" Fazia, enfim, o seu papel como ninguém. Foi a melhor pessoa com quem eu já trabalhei nessa vida.
Eu que sou rebelde e, de antemão, já acho que homem vai ser escroto, tive que engolir o Frank Maia. Como bom brother, organizou minha melhor festinha de fossa; foi um feriado memorável. Tinha hábitos marginais como os meus, já cuidou da minha filha enquanto eu tomava um trago e dizia pra eu escrever um livro. Ilustrou meus textos. Opinou sobre o meu trabalho e as minhas ideias. Me encorajou e me respeitou.
Eu tenho, enfim, muito privilégio nessa vida, entre os quais, ter compartilhado com o Frank uma amizade conectada em nossas visões de mundo sobre política, esquerda, jornalismo, arte, vida cotidiana. Saudades de ti, Frank! Obrigada por tudo, amigo querido!
insuportável é mesmo o cotidiano
e tudo que vem depois
porque o vivido já se cristalizou
gota de memória
que atravessa o tempo
blindada pela força do que significa
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