o propósito da vida talvez não tenha a ver com descobri-lo, mas aceitá-lo como um desconhecido e suportá-lo enquanto ausência. essa é uma divagação que a gente já deve ter lido por aí. mas mesmo uma frase ordinária pode esconder da gente um desconhecido contido em nossas certezas, julgamentos ou insatisfações. um discurso sutil que nos desloca sem nos tirar do lugar.
às vezes, vamos construindo uma ideia sobre o outro para justificar a nossa própria convicção ou sanidade. uma ilusão para suportar a ausência daquilo que se desconhece. não sei, mas parece que deixar o estranhamento acontecer diante da falta pode ser menos sofrido do que se preencher com culpa ou pena de si mesma. sei lá, tem gente que gosta de comida enlatada. tem gente que nem tem o que comer. a ausência é.
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