a luz acesa iluminando a quina do calabouço

um soluço perdido na escuridão

e logo já é dia claro

a vida se represa como não fizesse questão nenhuma

de ser algo além disso

um oposto interminável

de lucidez e surto

as cortinas descerrando a poeira da vidraça

como se um passado luminoso se levantasse

todos os dias pra caminhar no jardim

tudo é igual só não se sustenta como antes 

as luzes apagadas

o silêncio na borda da xícara

o cheiro intragável das recomposições

um pacote de presente sobre a mesa

e uma boca que não fecha

ensurdecida pelo entardecer

desse céu cinza de dar dó

uma repetida novidade

alvorecendo em torno de sobras 

uma vontade permanente e eletrizada

pelo incerto contido na rasura do tempo. 

a palavra na falta do sentido.


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