um silêncio suspira 

entre a nuca e o ombro

iluminados pela luz

desse dia triste e esperançoso

o platinado da tarde 

ofuscado pelas luzes amarelas

que começam a acender lentamente

um beco uma casa um lugar

onde o silêncio conspira

uma noite entre a nuca e o ombro

corpos vacilantes

estancados pela angústia

desse dia em que só podemos esperar

é como se o desejo abrisse uma fenda no espaço

encolhendo o tempo 

até que nada pudesse sobrar

além desse menor instante

em que somos corpos fluindo ao acaso

sem pressa de chegar.


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