a guerra é incontestável e afeta todo mundo. atravessa o tempo, a história e o corpo perdido no entardecer chuvoso. as luzes e as buzinas, a escuridão mais à frente, o cheiro de pólvora: um campo de batalhas urbano empilhando zumbis digitais. a chuva e o choro pingam sobre o chão acalorado, levantando fumaça enquanto tudo que é vivo se lamenta. é uma vida inteira, sem pé nem cabeça, a lutar contra a morte e meia dúzia de moinhos de vento. a vista daqui é de dar dó, uma marcha infinita de despedidas conquistadas a foice e facão. a gritaria arde lá fora, enquanto tateia, cega, o terreno pantanoso dessa travessia. a guerra chafurda na lama e deixou quase tudo para trás. não nasce uma flor no asfalto, nem há nenhuma ilha desconhecida em que esta pequena dobra de esperança possa atracar. corpos sobreviventes encapsulados pelo tempo vagueiam solitários.


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