"A loucura é o ápice da consciência". Foi uma frase que eu ouvi não sei de quem e sei lá se alguém escreveu isso mesmo. Mas, eu acho que a frase é boa porque favorece a palavra loucura. Dá a ela algo a mais do que uma referência original de sentido. Acho que o louco, no ápice da consciência, é alguém que antevê algo ou que atravessa essa sensatez falsa e convencional dos cheios de "bom senso". O louco enfrenta o tédio e a ilusão. Radicaliza no corpo e na ação qualquer sentido da palavra antes que ela seja. É quem se conecta mais habilidosamente com essa linha sutil que envolve qualquer ato ou qualquer discurso consolidado. O louco como um ente que atravessa uma linguagem qualquer, sem valorá-la ou se submeter a ela, ao mesmo tempo que lhe entrega tudo: corpo, mentalidade, espírito, singularidade. O louco é quase mediúnico, não porque é religioso, mas pela sua capacidade de mediar o tempo e ampliar o sentido das palavras até que elas deixem de significar tanto e passem a ser só elas mesmas. É como estar num nevoeiro e se deixar levar pelo medo, pela angustia, pela proporção que toma qualquer sentimento. A loucura é a consciência reivindicando a sua própria perda de sentido.
loucura

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