eu entrego o corpo à experiência como um caminho por onde cruza uma linguagem. é uma maneira de me comunicar com o que é desconhecido. como se fosse uma mediunidade sem a mística. é contemplação, mas também ação e força. é como uma entrega que precede a consciência enquanto enxerga o que está por vir. apagamento, memória, transe, deja vu. eu ouço o que se diz no silêncio; quase dá pra tocar. eu leio letras borradas em linhas turvas e é nessas margens que o ente escondido se comunica comigo. nem sempre sei interpretar. às vezes, é um feixe de luz ou um véu que flutua na escuridão. ou um viajante enrijecido vagando pelo mundo, empinando o peito e dando coice no ar. no limite do corpo, meio aceso, meio apagado, é que eu escuto. nem mais, nem menos. só o possível e o original. é como se fosse mediúnico, mas é só o corpo que se deixa levar pela estranheza dessa matéria invisível: anima que nos coloca em contato.
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