assumir-se
entre cheios e vazios
a que sou e odeio ser
a que posso ser
a que se veste pra sair
de uma vez por todas
admirar-se por apenas
.um instante ou letra morta
saber, enfim, um algo
que celebra a perda
escrever apenas, e renunciar
qualquer coisa
senão
...
poeira, letra, vento
encarnar-se de si
saber-se e enlutar-se
dar-se a chance do mistério
um corpo que experimenta
sem enganar a si como um pressuposto
profundamente simples
aceitar-se simplesmente
incompleta e incapaz
de abrir mão desses cheios
vazios que se completam
que enchem a sala
as páginas, os calabouços
eu, com a minha mão torta
desproporcional à culpa abandonada
revelar-me aquela de mim escondida
furiosa, indesejante, fugaz
promíscua ou não, a diferença
fica para quem lê de fora
porque tudo já foi revisado
catalogado, aplaudido ou desesperado
suor, choro, vômito, balbuciando
transe, grito, luto,
silêncio, torpor, volúpia
tudo que demanda uma olhada sincera
para o que vaga no tempo
a tristeza é um consolo para quem gosta de ver
o que escondeu de si a vida toda
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