sempre voltamos atrás: não tente negar. sempre voltamos a algum ponto de dor, dúvida, amor... e nem se sabe disso, mas é amor. um eterno ir e vir sem pena ou perdão, simples assim - ver-se como nunca antes. azul, vermelho, amarelo, rosa, verde, lilás. tanta significância sem significado. o cansaço é geral e nem dá pra pedir pelo amor deus. uma película bem fininha, um filme que retém quem se era e ainda é ou o que será de nós porque ninguém é capaz de apagar tudo isso e seguir só. significa, relê, atualiza, pede para partir, mas apaga. uma fita, uma vela, um nome gravado que não se dispensa nem se sobrepõe. a igualdade que ignora o desejo de quem mata. dor e choro, calor e uma certa obstrução dessa passagem que nos carrega pelo tempo. o tempo vazado, desconexo e inevitável. ninguém se sobressai àquilo que não sabe, mas se faz ser. a linguagem é um avião em pleno voo próximo a colidir. quem cai, quem acorda depois do tombo? quem não se dá conta tem mais condições de suportar. cantar, sorver, gritar, morrer, verbos obedecendo a conjugação. o que é afinal conjugar? combinar, condizer, coincidir. ou julgar com o outro na falta do que fazer. sei lá, aceito o movimento e escrevo o que tenho vontade de cuspir. é insuportável a mais valia, a mitagem ou a autoexigência. a linguagem exacerbou, assim, bem banal, mas alegre, enquanto vamos dormir tristes, ou descrente, ou ainda com uma convicção obsoleta: não se sabe quem é quem e a miragem é de tumulto. uma flor despetalada antes de qualquer primavera.
flor despetalada

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