é tempo de apagar do corpo toda a dor, quando o sol ainda aquece o outono e, por todos os lados, cresce a calmaria nos litorais. na enseada, Maria caminha enquanto refaz mentalmente o trajeto dos últimos dias. a atividade física agita os hormônios do pensamento, lá onde se busca todo o tipo de solução.
o presente se esconde não se sabe onde, mas a tarde sob o azul luminoso de março estimula Maria a caminhar enquanto pensa e a pensar enquanto respira. depois do susto da última madrugada, com a chegada repentina de Lara, nada mais será como antes. não terá uma tarde como a de ontem, nem encontrará aquela que foi, quando Lara chegou, em um mês de março, há trinta anos.
o sol derramado entre nuvens finas seca as gotas de maresia na pele. Maria submerge na água salgada à procura de respostas. após anos nadando solitária, o passado sugere se repetir no futuro que se desenha com a presença de Lara. Maria tenta, em vão, lembrar como era. nas suas águas profundas, sabe que a vida não se repete, apenas recomeça.
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