Escrever tem sido um ato mais introspectivo do que político. Tenho me permitido dar mais importância a uma escrita "molecular". Não que eu tenha sucumbido de vez ao individualismo. Tentar compreender o que está acontecendo com a humanidade e fazer alguma coisa com isso ainda é a referência. No entanto, toda essa gritaria parece fustigar qualquer efeito possível das razões coletivas. Sobra muito pedantismo enquanto falta humildade. Ouço e leio pessoas se expressando desesperadas, tentando provar pra si mesmas que têm razão. O outro é sempre uma fronteira deformada, um inimigo em expansão.

Por isso, tenho escrito mais sobre sensações do que tentado conjecturar pela palavra. Talvez reconhecer esse eu machucado pela solidão e pelo pessimismo de nosso tempo possa ser a chave para encontrarmos novos elos coletivos, com mais sutileza e menos prepotência discursiva. Tenho tentado entender o que é possível no silêncio das palavras não publicadas, sussurradas de modo que o meu jeito lento possa dar conta de internalizar. Sem a brutalidade de quem se exige respostas. 


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