as palavras vacilam na boca sem o menor compromisso de voltar. cantam, assim, coisas que não querem dizer como se o não não fosse uma forma de negar o desejo. as palavras batem asas na garganta desobstruindo o caminho para as outras que virão. dançam sem pensar até formar um imponderável dizível em teus lábios. as palavras cospem tudo que não se pode negar e desalinham as margens, essas fronteiras mal talhadas que se assemelham às limitações que nos esforçamos por disfarçar: rio de vontades suprimidas fluindo não se sabe para onde. as palavras apenas desaguam como afluentes desesperados diante do que é possível dizer. rasgam o silêncio sem promessas, deixando para trás o que não se pode conter.
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