Passo a maior parte do meu tempo livre assistindo séries e filmes. Repito muitos, inclusive. Para aumentar meu espírito alegre e esperançoso, há pouco, passei uns dias revendo a trilogia da depressão, do Lars von Trier. Gosto de moer a cabeça. Eu penso que filme é arte, série é entretenimento. Vai aí uma listinha do que me entreteve em 2022

Comecei assistindo quase tudo que foi ao Oscar, mas também revi coisas do tipo "Alexander Nevsky" e "Encouraçado Potemkin" (pra quê?!). A verdade é que fui bem mainstream e me joguei no mundo das séries. Vi e revi algumas. Assisto tudo, claro, em aplicativo gratuito (só mantive a Netflix para manter a moral com a filha e o sobrinho que usam a conta).

Bom, vi um monte de coisa, ao longo deste ano, nesta minha vida reclusa. Têm umas que nem lembro, outras que dormi toda vez que comecei a ver (tipo Sandman). Algumas que assisti duas vezes ou repeti depois de um tempo, como foi o caso de Magnífica 70, a melhor série brasileira de todas. Se tu não viu, veja!

Sinceramente, achei que o repertório da Apple está melhor. Mas, também não dei muita atenção para as séries da Prime, por exemplo. Então, é uma opinião bem limitada. De todo modo, meu negócio não é ranquear corporações, e sim, o quanto eu fiquei entretida com o produto.

Assisti, nesta semana, Borboletas Negras e Black Bird. Bichos voadores de cor preta parecem fazer sentido quando o assunto é matar pessoas sistematicamente estimulado por um impulso sexual. A primeira é bem melhor em texto, enquadre e em interpretação. Não tem perspectiva de segunda temporada, mas teria mais história pra contar. A série tem também uma cena de aborto de doer até os ossos se tu te permitires embarcar na personagem. Já Black Bird é legal, porém não me deslumbrou. Destaque para a interpretação do ator Paul Walter Hauser e por ser baseada em fatos reais.

Na mesma onda da violência em série, Shining Girls foi uma agradável surpresa (se é que agradável é a palavra mais adequada). Wagner Moura é um jornalista latino-americano vivendo na gringa que se une à única sobrevivente dos ataques de um maníaco para investigar o crime. A protagonista é interpretada por Elisabeth Moss, de Handmaid's Tale. A primeira temporada deixou a expectativa de continuidade. O enredo é bom e as interpretações são ótimas. Tem sangue, violência, tragédias pessoais e, lógico, muita reflexão sobre o desequilíbrio psicológico que essa combinação produz.

Falando em Elisabeth Moss, a última temporada de Handmaid's Tale é boa, mas nem tanto quanto a anterior. Tem também uma cena de parto extenuante vivida pelas protagonistas. Esse é um tema que se repete em outras séries, junto com estupro e aborto. A violência contra as mulheres está em evidência tanto quanto guerras, depressão e fim do mundo. Ao menos se falarmos do que saiu de novo neste ano.

Das séries de pancadaria bruta e batalhas sangrentas, eu passei o ano revendo Vikings e Last Kingdom (essa com a última temporada em 2022). São minhas preferidas. Viking Valhalla é inferior as duas, mas ainda em chance de melhorar. Prefiro essas mais realistas do que as fantásticas, como Game of Thrones (que eu vi ano passado e revi esse ano). Mas, gostei bastante de House of the Dragon.

Rhaenyra Targaryen é uma personagem com bastante potencial, sobretudo, para fazer justiça ao fim desprezível de Daenerys Targaryen, em GoT. O difícil é que são temporadas muito distantes uma da outra, parece que novidades só para 2024. A série tem duas cenas de parto bastante violentas. Uma tendência essa coisa de parir, abortar, maternar no limite das condições psicológicas e físicas. Bastante sangue e desespero tanto quanto em cenas de batalhas medievais.

Mundos futuros, eu diria, que é preciso mencionar See. Eu gostei médio, mas assisti por causa do Jason Momoa e da rainha maluca interpretada por Sylvia Hoeks, aliás, a relação dela com a maternidade é uma parte importante da série. Também tem parto e limite humano. É um mundo pós-apocalíptico em que uma pandemia dizimou quase por completo a população mundial. Quem sobreviveu, perdeu a visão, assim como as gerações seguintes. A série acabou este ano, mas para quem gosta de mundo pós-catástrofe, vale. Momoa está maravilhoso nas performances de luta com táticas desenvolvidas por uma civilização que não enxerga há mais de 400 anos. 

Severance é a que mais gostei porque fala de inteligência artificial, mundo do trabalho e reflete sobre o uso de tecnologias inteligentes e exploração capitalista. O domínio sobre a própria memória é colocado em xeque e desencadeia todo tipo de reflexão. Começa lenta, meio que dá sono, mas depois vai acelerando a tua mente. Enfrenta que vale a pena! Essa é só a primeira temporada.

Para fechar mundos futuros, 1899 é bem bonita de ver. Quem gosta de uma estética épica, com tom de vida marítima sombria, nem vai acreditar quando chegar ao final. Não é a minha favorita, mas é um bom passatempo.

Além de Magnífica 70, que eu amo e assisti todinha de novo, duas séries nacionais me mobilizaram até o final: Irmandade e Bom dia, Verônica. São boas. Eu que gosto de séries pesadas, achei que elas supriram bem essa energia. Nessa última, o tema abordado é bem propício para o Brasil que vivemos hoje. Na verdade, as duas fazem uma boa conexão com alguns dos problemas sociais da atualidade.

Adendos finais: última temporada de The crown está bem chatinha, apesar das boas interpretações. Outlander já enjoou legal, só assisti porque a Caitriona Balfe e Sam Heughan são fofos. Vi Ozark só este ano, é uma série muito boa que intercala alguns momentos monótonos, de todo modo, vale o tempo. Tem uma série mexicana/colombiana, que eu revi este ano, chamada Maria Magdalena. Parece novela da Record, mas é bem melhor. Indico. Por fim, gostei de Round 6, sim. 


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