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há duas ou três semanas, comecei a retomar um lugar na rua. sempre fui dali. a praia, o carnaval, o protesto, o boteco, o jornalismo. sou andarilha e gosto de gente. viver trancafiada nunca foi pra mim. o isolamento foi difícil e me levou a desconfiar dessa minha identidade. mas, nos últimos dias, fui retomando esse meu lugar na rua e repactuando a vida comigo mesma. revi tanta gente amorosa, essa galeragem que eu sempre tive e sempre fiz questão de ter. sei que há entre nós muita angústia, um certo medo de aglomerar que é mais do que uma medida sanitária. mas, há também uma chance de se construir algo novo quando voltamos a estar juntos. é preciso, talvez, um pouco de complacência com o outro, uma certa disposição. e nada melhor do que a rua para nos fazer hábeis a lidar com a vida coletiva, expandindo as fronteiras desse individualismo que nos consome. voltar pra rua e reconhecer as amizades me traz um consolo e me relembra de quem eu sou. a vida é boa!