flowers
A delicadeza despretensiosa da flor que se submete a este mundo. A natureza sempre se recupera enquanto violamos a nós mesmos. Um ir e vir de vida em confronto com a morte; mil pedras pelo caminho. Gelo, vento, aridez, explosão. Um mundo inteiro sufocado por esta (des) humanidade que se apavora com o simples e o original. A delicadeza que expulsa tudo que é desimportante: existência inacabada e findável que se espalha na ignorância. Cavar um buraco, enterrar-se e retornar. Quase como voltar para o útero materno, mas cheio de culpa. Ter paz, enfim, nessa fissura; passagem que nos suga para o centro e nos reabilita. Ou a delicadeza violenta da flor que mantém-se viva, por gerações de pétalas, habitando este jardim de eternas desilusões onde nos assentamos. E, ao cabo de toda a força - e de a toda a sujeição de nós mesmo -, não somos sequer uma gota no oceano; rastros de poeira abandonados pelo que ainda está por vir.