assumir-se

entre cheios e vazios

a que sou e odeio ser

a que posso ser

a que se veste pra sair

de uma vez por todas

admirar-se por apenas 

.um instante ou letra morta

saber, enfim, um algo

que celebra a perda

escrever apenas, e renunciar

qualquer coisa

senão

...

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deslocar-se entre si e as coisas

o tempo que se põe com o entardecer,

dissipando qualquer clareza sobre ser

um impulso, uma novidade ou um despertar

entre folhas verdes

secas de significados

apenas um existir

suave, indistinto, maturado

capaz de reivindicar-se

e, de si mesmo, experimentar 

cadência, zelo e dor

encontrar algo, enfim,

no que o desconhecido

ainda possa proporcionar.

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a súplica

o engasgo

o embaraço

tudo gera rubor

a cara incha

os olhos espiam

só por um fenda

linha que recorta

o calor

a boca

ressaca até a garganta

um ente que rastela

este chão petrificado

os ombros entregues

enquanto uma lua ilumina

mais um céu: cintilante e ausente.

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aceitava a ideia de que podia sobrevoar a praia, 

em um cavalo alado, pela madrugada. 

saía à procura da umidade que se assenta

em torno dos combros de areia. 

era como fosse uma perda completa

enquanto encontra outra de si 

que só se deixa ouvir através do vento, 

da fumaça que descortina uma outra silhueta

havia de tudo muito pouco

uma mensagem a quem interessar possa

ou a simplicidade com que se escuta o silêncio

apenas o sensível e o docemente original

as gargalhadas, as luzes, o ir e vir

misturados a escuridão vagarosa, quase ameaçadora

de um querer solto, suspenso na sua incompletude

assim como fosse possível ecoar

todos esses nós que havemos de ser

numa dimensão ainda invisível

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